
O Caso Marcelo
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* os nomes utilizados nesse relato são fictícios, no sentido de se respeitar a ética e sigilo profissionais.
Uma psicoterapia afetivo-sexual breve através da regressão de memória.
Marcelo tinha 39 anos, brasileiro, formado em Marketing e era um diretor de Marketing numa empresa multinacional. Ele teve alguns maus momentos em sua vida sexual. Ele tinha um primo, Márcio, que o usou para fazer sexo anal.
Marcelo casou-se duas vezes, primeiramente com Patricia, com quem viveu durante quatro anos. Marcelo não conseguia ter ereção, então ele decidiu pedir à Patrícia que ficasse com ele apenas pelas aparências e ele aceitaria que ela tivesse um amante. Como ele era um homossexual, o casamento seria um bom disfarce para ele. Patrícia teve três filhos com seu amante Otávio, mas Marcelo assumiu-os legalmente.
No segundo casamento ele estava curado então tinha uma relação normal com Roseli, que engravidou por quatro vezes, mas apenas a última criança sobreviveu por apenas oito meses. Roseli se contaminou pelo vírus do HIV passado por Marcelo. Marcelo costumava ter relações homossexuais quando jovem, ele se apaixonou por um amigo (Diogo) mas antes de Marcelo se casar com Patrícia, eles romperam.
Os problemas de Marcelo eram:
- problemas sexuais
– confusão sexual (sonhos recorrentes eróticos com homens)
- dificuldades em fazer amigos
- ódio do marido e ex-amante da sua primeira esposa (Otávio)
- mau relacionamento com seu pai
Por causa desses problemas ele recorreu a essa terapia e se submeteu a cinco sessões de regressão; durante o tratamento eu descobri que seus problemas sexuais estavam relacionados ao momento em que foi concebido em supostas vidas passadas.
Vejamos sua primeira regressão:
1º. REGRESSÃO
T - O que vê, ouve ou sente?
P - Nada. Tudo Nublado. Dentro dessa névoa eu sinto meu corpo físico.
T - Continue, prossiga.
P - Nada... nada.
T - P.S.I. (pergunte ao seu inconsciente) se é preciso avançar ou retroceder na cena para vivenciar algo significativo em relação a problemas sexuais.
P - Retroceder.
T - Ok. Retroceda e perceba: o que acontece antes dessa névoa?
P - Algo ligado a sexo. Vejo mulheres vestidas ricamente. Parece a época da revolução Francesa,1800 mais ou menos .
T - Quem é você, que idade você tem?
P - Eu me sinto um homem jovem, solteiro, cabelos compridos e escuros. Tenho uma pinta no rosto, visto uma casaca. Estou num Palácio, num Castelo, sou um nobre.
T - Que sentimentos você tem?
P - Eu me sinto neutro sexualmente.
P - Eu observo as mulheres e gostaria de ser como elas. Elas são muito bonitas. Há uma especial ( hoje minha ex-esposa ) e eu a admiro muito quanto à beleza, e sinto INVEJA dela, da sua beleza.
T - O que mais?
P - O sexo para mim é confuso, eu não sei lidar com isso, é desconhecido, é inseguro.
T - O que mais você percebe?
P - Eu me vejo naquela infância sendo muito mimado, paparicado, as empregadas me penteando, minha mãe (a mesma de hoje) sempre me chamando de filhinho, sempre falando comigo no diminutivo.
T - E quanto àquele seu pai?
P - Vive ausente, é um nobre, vive envolvido nos problemas da Corte.
T - O que mais você percebe?
P - Eu me questiono : “porquê não nasci mulher?”. “ São mais bonitas, e levam uma vida melhor que a dos homens.”. Eu sou tratado como uma dama ou como um príncipe. Eu sinto uma vaidade excessiva.
T - O que mais você percebe?
P - Há um jovem muito bonito, um primo nobre também que me dá muito prazer (é o Otávio). Vejo nós dois nus. Nó somos muito bonitos, com corpos perfeitos. Isso é muito forte. Nossos encontros são em salas de banho e eu assumo um comportamento feminino no sexo.
T - O que mais? Prossiga.
P - Ele vai se casar e vai me abandonar. Seus pais querem que ele se case com aquela moça bonita. Eu sofro muito por isso.
T - Que sentimentos você têm?
P - Sinto RAIVA, ÓDIO, abandono, ódio de alguém estar tirando alguém de mim. (choro - dor no peito)
T - Esse sentimento está presente hoje?
P - Sim, eu sinto ódio do Otávio ter tirado a Patrícia de mim.
T - Continue. E então?
P - Ele se casa com ela e vai embora. Eu decido me casar ou encontrar uma moça, mas não o esqueço.
T - Continue.
P - Eu encontro uma moça (a Roseli hoje) com quem me caso, mas quase não existe sexo. Eu me sinto mal. Ela engravida e nasce uma menina. Mas eu não o tiro da cabeça. Sinto inveja daquela moça por estar com ele. Eu queria estar no lugar dela.
T - Em que parte do corpo você sente essa INVEJA?
P - Na cabeça. Eu gostaria de estar no lugar dela e que algo acontecesse para que eu fosse ela.
T - E então?
P - Eu fico calado, eu sinto falta do prazer.
T - Que sentimentos isso lhe traz?
P - Frustração. Eu nunca sinto desejo a não ser com ele. Eu sempre senti falta, sempre houve uma busca incessante de prazer. Quando vejo um “top model” em meu ambiente de trabalho, esse desejo é aceso.
T - Prossiga na cena, e o que mais?
P - Minha filha adoece e sua doença não tem cura. Ela morre (é a filha que eu perdi, hoje).
T - Que sentimentos você tem?
P - Perda, uma grande perda.
T - Em que parte do corpo você registra essa perda?
P - No corpo todo (choro)... Apesar da nobreza e da riqueza, eu não tive a felicidade plena. Minha mulher fica muito triste e morre depois de um tempo.
T - Que sentimentos você tem?
P - Perda... dói o coração... e uma grande culpa...
T - Este sentimento está presente hoje?
P - Sim, em relação à Roseli, por eu tê-la infectado... eu a assassinei... eu sinto uma culpa enorme. E a perda, eu sinto também hoje, a perda de bens , a perda sexual, a impotência.
T - Algo mais de significativo naquela sua existência?
P - Não. Eu me entrego, adoeço, tenho uma morte cheia de angústia.
T - Vá para momentos antes da morte e perceba qual é o último pensamento que você tem antes de morrer?
P - “Tive uma vida em que parece que eu fiz tudo errado”.
T - Que associação você estabelece entre a sua morte e seu momento atual ?
P - Eu tenho sempre a sensação de que faço tudo errado.
T - Vivencie a sua morte, e perceba por qual parte do corpo ela começa a ocorrer ?
P - Pelo abdômem, e depois falta de ar...
T - Sinta a falta de ar profundamente.
P - Uma angústia profunda.
T - Após a sua morte, perceba como está a sua essência? A que distância do corpo físico?
P - Bem longe, bem distante, eu vejo um senhor que me ampara e conversa muito comigo. Ele me passa que estou na vida e há vários caminhos, e temos que ser fortes em relação aos instintos. Temos que buscar o prazer nas coisas mais profundas e não nas superficiais; buscar o prazer nos valores essenciais. Eu vou ter que retornar à Terra para adquirir valorização do espiritual, equilibrando as partes física, psíquica e espiritual.
T - De tudo o que você vivenciou nessa sessão, qual foi o momento mais traumático?
P - Foi o momento em que o rapaz se casa com aquela moça.
T - Que sentimentos você tem?
P - Ódio, raiva, abandono.
T - Esse sentimento está presente hoje?
P - Sim, eu tenho ódio do Otávio. Por ter tirado a Patrícia de mim.
T - Esse ódio está lhe ajudando ou prejudicando?
P - Ele me prejudica, porque eu “ travo “, não consigo amar, ter sexo naturalmente com minha esposa.
T - Você quer mudar isso?
P - Sim. Eu quero aceitar as coisas da vida com naturalidade, compreensão, quero gostar de mim, compartilhar esse amor com minha esposa, através do carinho e do sexo.
T - Então faça sua redecisão
Redecisão
“Eu aceito a vida como ela é, gostando de mim, compartilhando minha vida com minha esposa, com carinho e sexo natural”.
2° REGRESSÃO( essa é a regressão que inspirou a pesquisa sobre concepção em supostas vidas passadas )
T - O que você vê, ouve ou sente?
P - Eu vejo uma sala de banho... Há muitas mulheres e homens nus... Todos são muito belos... Há uma fumaça, um vapor de água... como uma sauna... Há colunas de pedra branca... bem talhadas... É na Grécia... homens e mulheres se relacionam sexualmente... Uma mulher se relaciona com vários homens e eu sou concebido. Mas não sei qual deles é meu pai! Ela é minha ex-esposa, Patrícia. (choro compulsivo...e longo)
T - Que sentimento isso te traz?
P - De não saber... de não ter identidade. Sexo é muito confuso para mim.
T - Esse sentimento está presente hoje?
P - Sim. Eu não consigo ter identidade sexual. E tenho uma atração forte por homens belos como esses... Deuses gregos...
T - Prossiga na cena.
P - Eu me sinto um feto no útero dessa mulher. É minha mãe. Ela é rica, cheia de criados que cuidam dela.
Quando ela percebe a gravidez, pra ela é indiferente.
T - O que mais sobre o período Intra-uterino?
P - Nada, apenas salões, criados em volta dela.
T - Vá para o momento do seu nascimento. Sinta-se nascendo e perceba o que acontece.
P - Corre tudo bem. Estou bem e ela também. Sou tirado dali e levado para outros aposentos e cuidado sempre pelas criadas.
T - Avance na cena e vá para o período de sua infância, perceba o que há de significativo?
P - Eu vivo muito só. Brinco só. Sou cuidado pelas criadas. Não tenho quase nenhum contato com aquela minha mãe, que está sempre envolvida em eventos da sociedade.
T - Vá para o período da sua adolescência e perceba o que acontece?
P - Eu me vejo um rapaz bonito, de cabelos pretos e tenho um relacionamento homossexual com outro rapaz de muita beleza (é meu amigo Diogo).. Somos estudantes de Filosofia, nossa escola é aberta, nas praças. Ficamos por ali e o homossexualismo é normal para as pessoas. É um relacionamento que me dá muito prazer.
T - Continue, prossiga na cena.
P - Surge uma guerra e ele tem que ir lutar. ( choro intenso ) Ele morre na guerra. Eu o perco. Sinto tremor no corpo, insegurança, fragilidade. Eu não vou mais ter prazer com ninguém.
T - Em que parte do seu corpo você sente essa perda?
P - Na virilha, no pênis, impotência, tristeza, depressão. Eu me isolo, não quero mais conversar com ninguém. Eu fujo das pessoas.
T - Hoje esses sentimentos e pensamentos estão presentes?
P - Eu tenho dificuldade de ter ereção, eu me sinto frágil quando alguém morre, eu me isolo, fujo das pessoas.
T - Continue na cena.
P - Se eu tomar veneno, vou encontrá-lo em algum lugar. Então eu me enveneno para ficar com ele (apresenta sensações de vômito, espasmos estomacais) e caio inconsciente.
T - Sinta a morte se processando em você e perceba que pensamentos você leva consigo na hora da morte?
P - O mestre falava na continuidade da vida e eu acho que me matando encontrarei o meu amor... Eu me enveneno para ficar com ele.
T - Após a morte do corpo físico, perceba como está sua essência?
P - Saio do corpo, flutuo... há uma névoa. Sinto muita tristeza; foi tudo em vão. Depois de muito tempo, muito tempo mesmo, eu vejo um clarão, eu encontro alguém, um ser espiritual.
T - O que lhe diz, o que lhe transmite esse ser?
P - Ele diz “Você altera as leis da natureza. Você precisa se equilibrar.” “Você vai voltar para corrigir o suicídio, para desenvolver o relacionamento entre mulher e homem, para aprender a ser forte, para entender a procriação. Você vai passar por alguns testes mas tudo depende da sua vontade, do seu livre arbítrio. “Parece que sempre retornarei como homem e sempre haverá a prova até que eu me afinize com as leis da natureza. Eu pergunto a ele “Porque os belos exercem mais forte atração?” Ele diz que os que os apreciam precisam ter discernimento das coisas.
T - Algo mais de significativo nesse espaço?
P - Não.
T - De tudo o que você vivenciou nessa sessão qual foi o momento mais traumático, o momento mais marcante para você?
P - Foi o momento em que fui concebido, o momento das relações sexuais que minha mãe teve na sala de banho com aqueles homens .
T - Vivencie novamente esse momento mais traumático, e perceba qual é o primeiro pensamento que lhe vem?
P - “Eu não consigo identificar, sexo é muito confuso para mim.”
T - Você quer redecidir isso?
P - Sim. Eu quero ter minha identidade definida. Eu não quero mais me envolver pela beleza dos homens.
T - Faça a sua redecisão.
Redecisão
“Eu me sinto um homem vivendo o sexo como algo natural”
3° REGRESSÃO
T - O que você ouve, vê ou sente?
P - Eu vejo um lugar sombrio, escuto cantos gregorianos. Sou um homem jovem, um frei. Ouço cantos gregorianos.
T - Continue...
P - Eu me vejo saindo do prédio do convento, caminhando por uma trilha cheia de plantas. É um lugar que transmite muita paz.
T - O que mais você percebe?
P - Venho de uma família burguesa católica. Tenho uma irmã de quem gosto muito. Ela casa-se com um homem e em seguida eu sou induzido pelos meus pais a ser frei.
T - O que mais você percebe?
P - Eu me dedico a Deus, ajudo aos pobres e doentes.
T - Há algo de significativo relacionado com o problema sexual de hoje?
P - Embora vivendo num convento, cenas de sexo ficam passando pela minha cabeça, freqüentemente. Isso me faz sentir culpa, muita culpa. Sexo com homens...
T - Em que parte do corpo você registra essa culpa?
P - Na cabeça. Eu preciso afastar essas idéias... São idéias fixas...
T - O que mais de significativo você percebe?
P - Uma vida tranqüila, apática, até a velhice.
T - Algo mais?
P - Não.
T - Vá para momentos antes da sua morte e perceba aonde você está, com quem, como se processa sua morte?
P - Estou muito idoso, no leito de morte. Há vários freis e minha irmã também. Uma morte natural, tranqüila.
T - Que sentimentos você leva consigo na hora da sua morte?
P - Eu me sinto apático. Eu saio do meu corpo mas fico apegado ao jardim do Convento. Sinto que fico anos ali, muitos anos... até que surge um ser espiritual que me leva dali, dizendo que eu preciso aprender a respeitar as leis da natureza. Agora eu vou me preparar para constituir família. E eu sinto que se nascesse como mulher, conseguiria.
T - Algo mais de significativo nesse espaço?
P - Não.
T - De tudo o que você vivenciou hoje, nessa sessão, qual foi o momento mais traumático, o mais marcante pra você?
P - Sempre que as cenas de sexo passavam pela cabeça.
T - Vivencie novamente.
P - Sinto uma culpa uma grande culpa. Como sendo algo errado.
T - Esse sentimento hoje está presente na sua vida?
P - Sim, muito. Quanto mais me sinto culpado, mais me sinto confuso.
T - Você quer redecidir isso?
P - Sim, eu quero sentir o sexo como algo natural entre um homem e uma mulher; algo que faz parte da vida.
T - Então faça a sua redecisão.
Redecisão
“Eu sinto o sexo como algo natural entre um homem e uma mulher, e que faz parte da vida.”
4° REGRESSÃO
T - O que você vê , ouve ou sente? Q que lhe vêm a mente?
P - Estou no espaço, flutuando... Parece que estou me aproximando dos meus pais.
T - Continue.
P - Eles estão fazendo sexo.
T - Perceba como eles estão, o que eles sentem, o que pensam?
P - Só prazer. Só pensam no prazer.
T - Algo mais no momento de sua concepção?
P - Nenhum sentimento... Só prazer físico.
T - E você embrião, o que sente?
P - Nada.
T - Vá para o momento em que sua mãe percebe a gravidez. Que reação ela tem?
P - Preocupação financeira.
T - Quando ela conta a seu pai, que reação ele tem?
P - Eles discutem muito. É um tumulto, meu pai se incomoda muito com a família da minha mãe.
T - Esses sentimentos e pensamentos estão presentes hoje na sua vida?
P - Sim, eu sempre me preocupo com dinheiro, eu detesto brigas, confusões e me incomodo muito com a família da companheira.
T - Você quer mudar isso?
P - Quero!
T - Tome consciência de que esses sentimentos e pensamentos são de seus pais e não seus, por isso não devem trazer influências à sua personalidade a não ser como experiência. Continue...
P - Toda gestação é de confusão e briga entre eles.
T - Vá para o momento antes do seu nascimento e perceba como é esse momento?
P - O parto é muito difícil. Muitos médicos. Eles não garantem a sobrevivência da minha mãe e a minha, parece que terão que escolher. Meu pai diz que se tiver que escolher, escolhe minha mãe para ser salva.
T - E você, bebê, no útero, que sentimentos tem nesse momento?
P - Eu não quero nascer. A vida não vai ser fácil para mim. Meu pai quer uma menina.
T - Continue.
P - Estou nascendo. Agora vejo minha tia me abraçar, me coloca junto ao peito.
T - Continue. O que mais você percebe?
P - Eu me vejo na infância, muito ansioso por sexo. Meus pais não falam nada sobre isso mas eu imagino muito. Eu me sinto inferior, porque não me sinto normal.
T - O que mais quanto a problemas sexuais na infância?
P - Nada.
T - Algo mais significativo, traumático em relação aos problemas sexuais na sua adolescência?
P - Não.
T - Algo mais significativo na sua vida Atual até o momento presente?
P - Não.
T - De tudo o que você vivenciou nessa sessão, qual foi o momento mais traumático, mais marcante para você?
P - É o momento do parto.
T - Vivencie novamente esse momento.
P - É horrível ( choro ). Eu não quero nascer. A vida não vai ser fácil para mim. Meu pai quer uma menina...
T - Esses sentimentos estão presentes hoje?
P - Sim, eu acho muito difícil viver. Eu não sei se sou homem ou mulher. É horrível.
T - Você quer mudar isso? Redecidir?
P - Claro.
T - O que você quer para você daqui para frente?
P - Eu quero amar a vida, me sentir um homem, sentindo o sexo como algo natural.
T - Faça a sua redecisão.
Redecisão
“Eu amo a vida, me sinto um homem, vivendo o sexo como algo natural.”
5° REGRESSÃO
T - O que você ouve, sente ou vê? O que lhe vem à mente?
P - Sou uma mulher assíria vivendo na Mesopotâmia. Eu comercializo escravos para os nobres. Ganho dinheiro com isso. Mas não são escravos comuns, são os mais belos e mais fortes, para servirem sexualmente às senhoras nobres do local.
Eu os seduzo para vendê-los como escravos. As mulheres da nobreza contratam esses escravos apenas para lhes servirem sexualmente. Aqueles que não se submetem eu os mando ao castigo ,a surras, faço perseguições.
T - Continue.
P - Nada mais.
T - Então retroceda mais na cena e vá para momentos antes de você ser concebida. Tente perceber o momento em que aqueles seus pais se relacionam sexualmente. Como é esse momento entre eles?
P - Ela é uma escrava (é minha esposa Roseli) e está sendo forçada por ele, que é seu dono. Um homem poderoso (é o meu pai hoje). Ela chora, e sofre muito. É um estupro. (Choro...)
T - Continue, e depois?
P - Ele simplesmente a ignora.
T - Avance mais, e então?
P - Quando ela percebe que está grávida fica feliz mas foge do local e vai para as ruas, pede esmolas, alimentos. Ela sofre muito. Quando está próximo de eu nascer, minha mãe é acolhida por um casal simples de lavradores (minha irmã de hoje e meu filho Ricardo).
T - Vá para o momento do nascimento, e perceba como transcorre o parto?
P - É muito sofrido para minha mãe. Ela fica muito doente e morre. Eu sou uma menina e fico vivendo por ali.
T - Avance mais e perceba o período da sua infância. O que há de significativo nesse período?
P - Nada. Fico por ali. Vivendo de favor. Ajudando um pouco aquele casal.
T - Continue.
P - Até que fico mocinha e saio dali. Vou para a cidade e me prostituo com homens ricos. (São os homens com quem me envolvi hoje, naquela fase de promiscuidade). Não só me aproveito do dinheiro deles, como do poder também.
T - Continue.
P - Eu já me vejo adulta, doente, é uma doença sexual da época e sinto muito ódio dos homens. Ódio. (Alteração da cor da pele)
T - Sinta esse ódio com toda intensidade. Em que parte do corpo você registra esse ódio?
P - No sexo.
T - E que pensamentos lhe vêm quando você sente esse ódio?
P - Eu resolvo me vingar deles, e começo a seduzir e contratar lindos escravos (os top models da empresa) para servir as esposas daqueles homens. E, queles que não me obedecem eu os mando ao castigo, a surras e perseguições. O tempo vai passando a doença vai dominando meu corpo e eu vou sentindo uma culpa, um arrependimento. Eu não quero mais vir como mulher. (Choro de raiva...)
T - Algo mais de significativo?
P - Não.
T - Avance na cena e vá para o momento da sua morte e perceba que sentimentos você tem pouco antes da morte?
P - Culpa. Muita culpa.
T - Você associa esse sentimento de culpa ao que você sente hoje?
P - Sim. Eu sinto muita culpa, tristeza, fracasso, eu não quero viver, eu estraguei minha vida, quero jogá-la fora. (Choro...)
T - Esses pensamentos e sentimentos lhe ajudam ou atrapalham?
P - Atrapalham muito.
T - Você quer mudar isso?
P - Quero. Eu quero viver melhor, me doar mais, ter uma vida mais simples, me integrar à natureza e me sentir mais feliz.
T - Ok. Sinta a morte se processando em você. Sinta ela acontecendo e perceba por qual parte do corpo ela começa a acontecer?
P - Pela cabeça.
T - Avance e perceba após a morte física, como está sua essência?
P - Num lugar escuro, sem luz, sem luz alguma. Muito escuro. Fico muito tempo aí. Muito tempo. Séculos...
T - Vá para o momento em que essa situação se modifica. O que acontece?
P - (Silêncio)
T - E então?
P - Surge uma luz. Alguém vem me recolher e me leva para um lugar. Eu vou precisar de cuidados. Meu “abdômen” está “podre”. Parece que eu repouso, que cuidam de mim.
T - E o que mais?
P - Só isso.
T - Você sente que recebe algum tipo de esclarecimento, ou de orientação nesse Espaço?
P - Acho que sim.
T - Qual?
P - Eu tenho que mudar meus valores. Enxergar a beleza interior como a principal, equilibrar o sexo.
T - Algo mais?
P - Não.
T - De tudo o que você vivenciou hoje nesta sessão, qual foi o momento mais traumático?
P - Foi a relação sexual daquele homem poderoso com aquela minha mãe escrava. O estupro.
T - E nesse momento mais traumático, qual o primeiro pensamento que lhe vem?
P- Eu odeio os homens.
T - Esse pensamento está presente hoje?
P - Sim. Eu tenho ódio do Otávio, não me relaciono com meu pai...
T - Você quer mudar isso?
P - Quero, eu preciso me libertar.
T - Sinta esse ódio profundamente...
P - ( Choro, contorção ) ... eu quero paz em mim.
T - Então faça a sua redecisão.
Redecisão
“Eu sinto paz em mim. Eu perdôo o Otávio. Eu perdôo meu pai. Eu me perdôo.”
EVOLUÇÃO
No transcorrer das sessões regressivas Marcelo apresentou melhora progressiva qualitativa no seu relacionamento sexual com sua esposa atual. No momento sente maior vontade para compartilhar momentos com sua esposa Roseli. O caso foi acompanhado por 3 anos, de 1994 a 1997, sem apresentar recaídas. Os sonhos eróticos desapareceram, e ele afirma ter se “desligado” cada vez mais do visual masculino dos “top models” da empresa onde trabalha. Afirma sentir-se mais “feliz”. Refere-se a ter conseguido perdoar a Patrícia e o Otávio.
SESSÃO DE RETORNO
Diante desse relato, eu sugeri ao paciente um exercício Transpessoal, denominado “A Experiência de Morrer”. Faltavam apenas dois dias para a cirurgia.
Quero apenas que você me acompanhe nesse trajeto”.
Aprendi que é preciso ir em busca da beleza da alma, e, eu irei...
Hoje eu reconheço que tive oportunidades inúmeras e joguei tudo fora... A minha vida, eu estraguei, mas embora não possa me sentir feliz comigo mesmo, eu me sinto em paz... Alcancei uma certa paz... A paz de quem reencontra o caminho...
Estou me submetendo a cromoterapia, mas sei que a minha hora está se aproximando... Pelo menos, vou morrer melhor... Em paz... Eu perdoei...
“O tratamento regressivo, Suely, levou-me ao encontro com minha alma e pude me conhecer profundamente. Recuperei meu equilíbrio sexual, afetivo e tenho vivido bem com minha esposa. Despertei para o caminho espiritual e para a caridade. Pena que isso não aconteceu antes!... Agora, o problema é outro... Eu sinto que o meu fim está chegando... Estou com um tumor no cérebro e terei que fazer uma biópsia.
Em 1997, três anos depois, Marcelo me procura para uma consulta de apoio. Seu pai o traz; ele está usando uma bengala porque não enxerga mais. O vírus atingiu seu aparelho neurológico e o órgão da visão.
EXPERIÊNCIA DE MORRER
T - Relaxe, feche os olhos, respire profundamente.... Imagine que um médico da família vem a você e lhe diz que você tem pouco tempo de vida. Que sentimentos você tem?
P - Medo...desespero....
T - Há algum lugar que você gostaria de ir antes de morrer?
P - Gostaria de passar uma semana em Campos do Jordão com minha esposa.
T - Com quem você gostaria de conversar antes de morrer?
P - Com Patrícia e com Otávio. Gostaria de lhes mostrar o lado espiritual da vida, de desperta-lhes o amor e o perdão.
T - Algo mais antes de morrer?
P - Não.
T - Vá para momentos antes de sua morte e tente perceber o que acontece? Quem está ao seu lado?
P - Meus Filhos, meus pais e minha irmã.
T - O que eles dizem?
P- Eles choram muito e dizem que me amam. (Choro intenso...)
T - Há algo que você queria lhes dizer?
P - Que os amo também, e agradecer à minha irmã. (Choro)
T - Sinta a morte se processando em você, sinta-a acontecendo. Perceba após a sua morte, como está a sua essência?
P - Aliviada, feliz por enxergar novamente (choro...). Estou enxergando! (choro compulsivo...). Vejo minha tia sorrindo me acolhendo e me levando para outro lugar.
T - Imagine que nesse espaço, junto a ela, você faz uma revisão da sua vida: o que você fez e gostaria de não ter feito?
P - Aceitado me casar com Patrícia, aceitado um casamento de aparências; ter feito falcatruas comerciais; ter contaminado Roseli.
T - O que você não fez e gostaria de ter feito?
P - Mais caridade, ajudado mais o meu próximo. Aproveitado o poder que eu tinha na empresa para ajudar as pessoas.
T - O que você não fez e percebeu que foi melhor não ter feito?
P - Ter matado a Patrícia, o Otávio ou a mim mesmo.
T - O que você fez e mais gostou de ter feito?
P - Ter assumido as três crianças, ter cuidado delas, ter me dedicado a elas como pai e como mãe. (choro comovido....).
T - Se você tivesse a oportunidade de voltar aos seus 43 anos, o que você mudaria já?
P - Amaria mais as pessoas. Pela sua beleza interior...
T - Então retorne devagarinho aos seus 43 anos, ao dia de hoje, à sua personalidade, trazendo consigo os benefícios que esse exercício pôde te proporcionar. Tudo bem?
P - Tudo bem.
Nos despedimos, dessa vez com um abraço, que me pareceu um adeus...
Três dias depois dessa consulta, a irmã de Marcelo, Glória, me telefona avisando sobre sua morte.
Calei-me... refleti uns minutos... tudo o que fiz foi preparar um “Ikebana”, colocá-lo na janela e dedicá-lo ao Marcelo... Senti muita paz, como pessoa e... como terapeuta...
Um ano depois de sua morte me encorajei a escrever esse trabalho.
Acredito que este possa ser uma contribuição para a Psicologia, para a Sexologia e ....para a Paz.
Inverno de 1998.